A autora misteriosa Elena Ferrante começa a sua saga napolitana com “A amiga genial”, a história das vidas entrelaçadas de duas amigas, Lila Cerullo e Elena Greco. No livro, acompanhamos a infância das duas no pós-guerra italiano, uma situação de pobreza e limitações, aonde a morte é um acontecimento corriqueiro.
As duas amigas são as meninas mais inteligentes da escola: enquanto Elena é esforçada e estudiosa, Lila é brilhante por natureza e sedenta por informações e conhecimento. A história, narrada por Elena, demonstra as complexidades da amizade feminina. Lila exerce sobre Elena (e sobre a maioria dos personagens também) uma atração irresistível, que a motiva mas também a faz competir com a amiga. E o interessante do livro é vermos como o impacto de Lila em Elena transforma a vida dela. Além disso, o livro fala bastante de família, oportunidades e preconceitos. É muito interessante vermos que os caminhos de vida das duas meninas começam a divergir quando a família de Elena decide apoiar seus estudos e a de Lila decide não o fazer. A partir daí, Elena começa a seguir por um caminho de esforço contínuo (incentivada sempre pela amiga e pelo medo de se tornar igual à mãe) para sair do local aonde mora, enquanto Lila se resigna a viver ali a vida que seus familiares traçaram para ela.
O grande trunfo desse livro é a escrita de Ferrante, que é fluída mas ao mesmo tempo feroz. Com isso quero dizer que várias vezes eu senti o impacto das palavras, as descrições muitas vezes me causaram uma reação física. Essa capacidade da autora de evocar sensações é realmente impressionante. Eu, quando li, pude entender muito bem o que dirige os personagens e acredito que isso é um mérito enorme da maestria de Ferrante. É um livro bom mesmo, minha única crítica é que a história termina abruptamente, obrigando você a ler o próximo livro imediatamente. Mas como já existe o outro livro, “História de um novo sobrenome”, isso não é um problema muito grande, não é?
Ao ler “A amiga genial”, você vai ser transportado para a Itália, para a vida do dia a dia de lá, repleto de tomates, azeites e temperos. Mas como na história os personagens vivem uma vida de pouco dinheiro, pensei que o prato tinha que ter algo a ver com isso. E então a resposta veio em seguida: panzanella! Essa salada italiana é deliciosa e ainda reaproveita aquele pão de ontem que você jogaria fora.
Panzanella Genial (serve 4 pessoas)
Ingredientes:
- 2 tomates maduros
- 6 fatias de pão italiano amanhecido
- 1 cebola-roxa
- 1 pepino
- 20 folhas de manjericão
- 3 colheres de sopa de vinagre de vinho branco
- 6 colheres de sopa de azeite
- lascas de queijo parmesão a gosto
- sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto
Modo de Preparo:
- Complete uma tigela média com água filtrada e junte 1 colher (sopa) de vinagre de vinho branco. Coloque as fatias de pão e deixe de molho até que amoleçam levemente, coisa rápida, 15 segundos – a não ser que esteja bem velhos! Retire da água e rasgue as fatias em pedaços pequenos, com as mãos. Reserve.
- Prepare os demais ingredientes: com um descascador ou faca para legumes, tire a pele e corte os tomates em cubos; descasque e corte a cebola em rodelas bem finas; corte o pepino também em fatias fininhas; e rasgue as folhas de manjericão.
- Transfira os ingredientes para uma saladeira e junte os pedaços de pão amolecido e as lascas de queijo parmesão. Regue com o azeite, o vinagre e tempere com sal e pimenta-do-reino – sempre moída na hora. Com duas colheres, os talheres de salada, misture delicadamente todos os ingredientes.
- Cubra com filme e leve à geladeira por 1 hora. Antes de servir, deixe em temperatura ambiente por 5 minutos e acrescente mais lascas de queijo parmesão.
A amiga genial”
Autora: Elena Ferrante
Editora: Biblioteca Azul
Traduzido por: Maurício Santana Dias
331 páginas